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Projeto "Investindo em Ações com Segurança"

Parte V

21/03/2024

MODELO DO ÍNDICE ÚNICO

O Modelo do Índice Único de Elton e Gruber é uma abordagem para a seleção de carteiras de investimento. Este modelo é baseado no Capital Asset Pricing Model (CAPM), que foi concebido por William Sharpe.

O modelo de Elton e Gruber é usado para a construção de carteiras ótimas e utiliza como parâmetro de seleção o Índice de Atratividade (IA) de Treynor. Este índice é comparado com um Ponto de Corte (C*), de modo que os ativos com IA maior que C* são incluídos na carteira. Se as ações forem classificadas de acordo com esse IA, sua atratividade estará definida, uma vez que quanto maior esse índice para a ação maior a rentabilidade excedente esperada por unidade e risco sistemático.

O principal objetivo das bolsas de valores é promover um ambiente de negociação dos títulos e dos valores mobiliários das empresas, que são selecionados rigorosamente para participar do mercado. Os principais títulos negociados no mercado de capitais são os representativos do capital das empresas, denominados ações, ou os de empréstimos tomados, por meio do mercado, pelas empresas, denominados debêntures.

Para melhor alocação e avaliação dos ativos, foram criados modelos que tentam mensurar os riscos existentes nos investimentos de mercado. Para Damodaran (2003), existem alguns ingredientes necessários à utilização de um bom modelo de risco e retorno, que deve apresentar as seguintes características:

Na imagem a seguir apresentamos um exemplo de construção de carteira diversificada de ações segundo os princípios do Modelo do Índice Único de Elton e Gruber.

EXEMPLO DE CARTEIRA ÓTIMA - MODELO DO ÍNDICE ÚNICO

Em nosso exemplo, o modelo sugere uma carteira formada com quatro das seis ações analisadas: TIMS3, UGPA3, PETR4 e CYRE3. Na coluna do coeficiente de atratividade Ci, observamos que os valores são ascendentes até atingir o valor máximo (C* = 0,016029 = ponto de corte), e declinam a partir deste ponto.

Considerando o ponto de corte C*, são determinadas as proporções de investimento nas ações: 50,27% em TIMS3, 36,23% em UGPA3, 8,63% em PETR4 e 4,87% em CYRE3, perfazendo 100% dos recursos a serem aplicados pelos investidores.

A carteira de ações do nosso exemplo, constituída usando o Modelo do Índice Único de Elton e Gruber, apresenta um beta de 0,39, indicando menor volatilidade em relação ao mercado, e uma volatilidade de 0,95%, representando o risco total. O índice Sharpe de 2,985 e o índice Treynor de 0,1008 sugerem um bom retorno ajustado ao risco. No entanto, é importante considerar outros fatores, como objetivos do investidor e condições de mercado, e lembrar que o desempenho passado não garante resultados futuros.

Até 21/03/24 a carteira acumulava no ano, um retorno de +3,71%, contra -3,36% do IBOVESPA.

Projeto "Investindo em Ações com Segurança"

Parte IV

19/03/2024

A RELAÇÃO RISCO/RETORNO E O MODELO DA FRONTEIRA EFICIENTE DE MARKOWITZ

O Modelo da Fronteira Eficiente de Markowitz, também conhecido como Teoria do Portfólio Moderno, é uma teoria de otimização de portfólio que busca maximizar o retorno para um determinado nível de risco. Aqui estão os fundamentos do modelo:

Lembre-se, no entanto, que todas as estimativas e análises são baseadas em dados históricos e suposições sobre o futuro. O desempenho passado não é garantia de resultados futuros, e os investidores devem sempre fazer sua própria pesquisa e considerar buscar aconselhamento de um consultor financeiro antes de tomar decisões de investimento.

A seguir, apresentamos um exemplo de aplicação dos fundamentos do Modelo de Otimização de Markowitz.

EXEMPLO - FRONTEIRA EFICIENTE DE MARKOWITZ

No exemplo acima, apresentamos a análise da carteira sugerida com base nos retornos mensais das ações TIMS3 e UGPA3:

A partir de março de 2024, estimamos um retorno médio mensal de 3,44% para as ações TIMS3 e 7,15% para as ações UGPA3. No entanto, é importante lembrar que os investimentos em ações sempre envolvem risco. Nesse caso, o desvio-padrão, que é uma medida de risco, é de 5,02% para TIMS3 e 7,94% para UGPA3.

Utilizando o Modelo da Fronteira Eficiente de Markowitz, que é uma teoria de otimização de portfólio, chegamos à seguinte carteira ótima: 50% de investimento em TIMS3 e 50% de investimento em UGPA3. Esta combinação de investimentos é projetada para maximizar o retorno esperado para um determinado nível de risco.

Com essa combinação de investimentos, estimamos um retorno esperado de 5,30% e um risco esperado (desvio padrão da carteira) de 5,30%. Isso resulta em uma relação risco/retorno de 1,000. A relação risco/retorno é uma medida que indica o nível de risco por unidade de retorno. Neste caso, para cada unidade de retorno esperado, o investidor está assumindo 1,000 unidades de risco.

Finalizando, é importante lembrar que todas as estimativas são baseadas em dados históricos e suposições sobre o futuro, e o desempenho passado não é garantia de resultados futuros. Portanto, os investidores devem sempre fazer sua própria pesquisa e considerar buscar aconselhamento de um consultor financeiro antes de tomar decisões de investimento.

Projeto "Investindo em Ações com Segurança"

Parte III

29/02/2024

ANALISANDO OS RISCOS


Investir em ações envolve uma série de riscos e, portanto, é crucial para os investidores entenderem e avaliarem esses riscos usando vários indicadores financeiros. Aqui está uma explicação de como cada um dos indicadores que você mencionou pode ajudar nesse processo:



Cada um desses indicadores fornece uma peça do quebra-cabeça do risco de investimento e, juntos, podem ajudar os investidores a ter uma compreensão mais completa do risco ao investir em ações. No entanto, é importante lembrar que esses indicadores são baseados em dados históricos e não garantem resultados futuros.

EXEMPLO

No exemplo acima, o desempenho da ação AGRO3 pode ser assim interpretado:

Em resumo, a ação AGRO3 tem apresentado um desempenho médio negativo, com uma volatilidade relativamente alta e um risco significativo de perdas. A ação tem uma correlação moderada com o IBOVESPA e uma liquidez razoável. Os retornos são positivamente assimétricos e têm caudas pesadas, com retornos negativos voláteis. Portanto, os investidores devem considerar cuidadosamente esses fatores ao tomar decisões de investimento.

Projeto "Investindo em Ações com Segurança"

Parte II

23/02/2024

O QUE OS MÚLTIPLOS INFORMAM

Investir na bolsa de valores é uma atividade que requer conhecimento e estratégia. Entre as diversas ferramentas e indicadores disponíveis para auxiliar os investidores, o índice Preço/Lucro (P/L) e o Dividend Yield (DY) se destacam pela sua relevância e utilidade.

O índice Preço/Lucro é uma métrica financeira que relaciona o preço de uma ação ao lucro por ação da empresa. Ele é amplamente utilizado para avaliar se uma ação está sobrevalorizada ou subvalorizada, fornecendo uma visão rápida e eficaz do valor relativo de uma ação.

Por outro lado, o Dividend Yield é um indicador que mostra a relação entre os dividendos pagos por uma empresa e o preço de suas ações. Ele é particularmente útil para investidores interessados em gerar renda passiva, pois permite identificar as ações que pagam os maiores dividendos.

Ambos os indicadores, quando usados corretamente, podem ser extremamente úteis na tomada de decisões de investimento. Este artigo irá explorar em detalhes o significado e a importância do índice Preço/Lucro e do Dividend Yield na escolha de ações para investir na bolsa de valores. Vamos começar!

Figura 2: Análise por múltiplos

O índice preço/lucro

A evolução do índice Preço/Lucro (P/L) nos últimos 6 anos pode fornecer sinais valiosos sobre o desempenho passado e futuro de uma empresa. Aqui estão alguns fatores a serem considerados:

O dividend yield da ação

Por sua vez, a evolução do Dividend Yield (DY) nos últimos 6 anos pode fornecer sinais valiosos. Aqui estão alguns fatores a serem considerados:

Lembre-se, o Dividend Yield é apenas uma das muitas ferramentas que os investidores podem usar para avaliar ações. É importante considerar uma variedade de indicadores e fazer uma análise completa antes de tomar uma decisão de investimento.

Conclusão

Investir na bolsa de valores é uma atividade que requer uma análise cuidadosa e uma compreensão clara dos indicadores financeiros. O índice Preço/Lucro (P/L) e o Dividend Yield (DY) são duas ferramentas poderosas que podem ajudar os investidores a tomar decisões informadas.

A análise do P/L e do DY ao longo dos últimos 6 anos pode fornecer insights valiosos sobre o desempenho passado e futuro de uma empresa. No entanto, é importante lembrar que esses indicadores não devem ser usados isoladamente. Eles devem ser considerados em conjunto com outros indicadores financeiros e informações relevantes sobre a empresa e o setor.

Além disso, é crucial considerar o contexto econômico geral, pois isso pode ter um impacto significativo no P/L e no DY. Em tempos de incerteza econômica, por exemplo, as empresas podem optar por reduzir seus dividendos, o que pode resultar em um DY mais baixo.

Em última análise, a decisão de investir em uma ação deve ser baseada em uma análise completa e bem fundamentada. O P/L e o DY são apenas duas das muitas ferramentas disponíveis para os investidores. Portanto, é essencial continuar aprendendo e se adaptando para navegar com sucesso no mundo dinâmico e complexo do investimento em ações.

Lembre-se, o sucesso no investimento não vem da noite para o dia. Requer paciência, disciplina e, acima de tudo, conhecimento. Então, continue aprendendo, continue investindo e continue crescendo.

Projeto "Investindo em Ações com Segurança"

Parte I

22/02/2024

INTRODUÇÃO

Há uns vinte anos atrás tive o privilégio de ter participado do projeto de constituição do INI – Instituto Nacional de Investidores: um portal destinado a oferecer às pessoas comuns, um programa permanente de educação e orientação sobre como investir em ações de forma segura. Naquela oportunidade fui apresentado a uma metodologia para análise e decisão de investimento em ações desenvolvida pela NAIC – National Association of Investors Corporation, que ajudei a adaptar para a realidade brasileira.

A NAIC foi fundada em 20 de outubro de 1951, no Rackham Building, em Detroit, sendo sócios fundadores o Mutual Investment Club of Detroit e mais três clubes de investimento do estado de Michigan. Um dos seus objetivos era transformar os clubes de investimento em um projeto educacional de âmbito nacional. Essa ênfase na educação para o mercado financeiro foi que motivou no Brasil a criação do INI – Instituto Nacional de Investidores.

O INI funcionava no endereço eletrônico www.ini.org.br e desde a sua criação, era mantido principalmente por patrocínios recebidos de diversas empresas e instituições ligadas ao mercado de ações brasileiro, e contribuições anuais de pessoas físicas associadas. Infelizmente o INI foi descontinuado em julho de 2012, em função da crise econômica. Vendo a lacuna deixada pelo INI fiquei motivado a retomar aquele projeto, adaptando-o e denominando-o de "Projeto Investindo em Açoes com Segurança".

A partir de hoje, apresentarei os fundamentos de uma metodologia que considero muito consistente e importante para a tomada de decisão de investimento em ações. O objetivo é contribuir na formação de um investidor consciente, atuante e capaz de tomar suas próprias decisões.

COMO IDENTIFICAR EMPRESAS EM CRESCIMENTO

O objetivo do investidor em ações deve ser buscar investir em uma carteira de ações de empresas em crescimento, que ofereça a oportunidade de dobrar seus recursos investidos a cada cinco anos, pois acredita-se que um histórico de cinco anos deve ser o mínimo necessário para confirmar a consolidação da empresa, bem como o desempenho de sua administração que, tendo sido submetida a situações variadas, comprovou sua competência. Um breve período de crescimento poderá ser um golpe de sorte, e não a indicação da administração dinâmica e focada que estamos procurando.

Para que o investidor possa alcançar esse objetivo, ele precisa estar consciente das seguintes premissas:


Para atingir a meta de 100% em cinco anos o investidor deve conseguir um crescimento médio, nas cotações e nas receitas de dividendos das ações que compõem sua carteira, de 14,9% anuais reais (acima da inflação) capitalizados. Com esta taxa, o investidor dobrará ao valor de sua carteira a cada cinco anos. No entanto, um aumento anual real de 8% durante um período de longo prazo já pode ser considerado um excelente resultado.

Uma empresa em crescimento é aquela em que as vendas e os lucros por ação evoluem em ritmo superior ao da economia como um todo. Como existem muitas empresas com ações em bolsa disponíveis para investimento, por onde devemos começar?

O crescimento tem diversas origens. Pode se dar através de um novo segmento com um novo mercado a ser desenvolvido, pode surgir de um produto novo ou, ainda, se manifestar por meio de uma administração vigorosa, talentosa e focada. Este último gênero de crescimento é o mais confiável e duradouro. As ações das empresas em crescimento são negociadas em geral a índices de preço/lucro superiores aos de outras empresas.

O crescimento das empresas se dá de muitas maneiras. Existem, por exemplo, os segmentos com potencial de crescimento que surgem quando um novo produto, material ou serviço começa a ser oferecido, fazendo com que as empresas que atendam a esta demanda cresçam, ocupando, assim, sua posição nesse novo mercado.

Em alguns casos, como o dos eletrônicos, o crescimento poderá continuar indefinidamente, alimentado pelo constante desenvolvimento de novos produtos. No entanto, determinados produtos novos estimulam o crescimento apenas por alguns anos. Às vezes, o crescimento tem origem em uma nova aplicação para um produto antigo. O investidor que entende de onde vem o crescimento, encontra-se em boa posição para compreender a sua duração e o potencial do investimento.

O crescimento mais confiável tem origem menos na indústria do que em uma administração comprometida basicamente com o crescimento. Esse tipo de crescimento poderá durar enquanto essa administração estiver no controle da empresa. Algumas administrações, inclusive, conseguem implantar uma cultura de crescimento em suas empresas, que será praticada mesmo após o término da administração que lhe deu origem.

Uma boa administração costuma proporcionar um crescimento razoavelmente constante nas vendas e no lucro por ação, altas margens de lucros antes dos impostos e elevados lucros sobre o capital empregado.

Na imagem a seguir apresentamos o Formulário de Tomada de Decisão. Neste formulário exercemos nosso conhecimento sobre a empresa analisada, para concluir sobre a possibilidade de investimento em ações de sua emissão.

Figura 1: Análise dos fundamentos

Conhecendo e empresa

Investir em ações é uma decisão importante que requer uma compreensão profunda da empresa emissora da ação. Aqui estão algumas razões pelas quais é crucial conhecer a empresa:

Perfil de negócios da empresa: Conhecer o perfil de negócios da empresa ajuda a entender o setor em que opera, seus produtos ou serviços, seu modelo de negócios, e sua estratégia competitiva. Isso pode fornecer insights sobre a saúde financeira da empresa, seu potencial de crescimento, e os riscos que enfrenta. Além disso, entender o perfil de negócios pode ajudar a avaliar se a empresa está bem posicionada para aproveitar as oportunidades de mercado e enfrentar desafios.

Posição acionária: A posição acionária refere-se à distribuição das ações da empresa entre os acionistas. Isso pode incluir acionistas individuais, institucionais, e insiders (como executivos e diretores da empresa). A posição acionária pode indicar o nível de confiança que esses grupos têm na empresa. Por exemplo, um alto nível de propriedade de insiders pode ser um sinal positivo, pois sugere que a administração tem um forte interesse no sucesso da empresa.

Coligações e controle: As coligações e o controle da empresa podem ter um impacto significativo no desempenho da empresa. Empresas que são parte de um grupo maior podem ter acesso a mais recursos e suporte, o que pode ser benéfico. No entanto, também pode haver desvantagens, como conflitos de interesse entre as empresas do grupo. Além disso, quem controla a empresa pode afetar sua estratégia e tomada de decisões.

Ações em circulação no mercado: O número de ações em circulação refere-se ao número total de ações que estão atualmente sendo negociadas no mercado aberto. Este número é importante porque, juntamente com o preço da ação, determina a capitalização de mercado da empresa. A capitalização de mercado, por sua vez, pode ser usada para comparar o valor da empresa com outras empresas similares. Além disso, mudanças no número de ações em circulação (por exemplo, devido a recompras de ações ou emissões de novas ações) podem afetar o preço da ação.

Em resumo, conhecer a empresa emissora da ação é fundamental para tomar decisões de investimento informadas. Isso permite que os investidores avaliem o valor e o risco da ação, o que pode ajudar a maximizar os retornos e minimizar as perdas. Lembre-se, no entanto, que investir em ações sempre envolve risco, e é importante fazer sua própria pesquisa e considerar procurar aconselhamento de um consultor financeiro.

Testes à administração da empresa

Ao perseguir a meta de atingir uma valorização de 100% acima da inflação em cinco anos, o investidor deverá analisar cada alternativa, de modo a apurar: a capacidade administrativa da empresa, evidenciada por vendas e lucros em crescimento, a margem de lucros antes dos impostos e a rentabilidade sobre o patrimônio líquido acima da média; e um preço atual razoável da ação, que tenha potencial para evoluir com a melhora dos resultados financeiros futuros.

Sugere-se aplicar estes três testes à administração:

Conclusão

Em conclusão, a abordagem dos fundamentos é um processo complexo que requer uma compreensão profunda da empresa em questão. Através do conhecimento do perfil de negócios, posição acionária, coligações e controle, e ações em circulação no mercado, os investidores podem avaliar o valor e o risco da ação. Além disso, a aplicação de testes à administração da empresa, como a taxa de crescimento, a margem de lucro antes dos impostos e a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, pode fornecer insights adicionais sobre a saúde financeira e o potencial de crescimento da empresa.